Barulinho

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

De qualquer forma a vida lhe sorri. É o desespero pelo nada que invade as frestas da porta, e acelera o coração. O que vou dizer, pode não ser classificado como uma dissertação, ou uma narrativa. Para ser sincera, pouco me importa a classificação.
Algo, algo incomoda. Algo que impede o sorriso de ser presente em todas as horas, algo que que abaixa as palpebras tão cheias de entusiamo, algo cutuca a alma, inquieta o sono, tira a calma. Algo se encontra fora do lugar, e ela sabe, ela o vê, ela o nota. Não consigo controlar, ela sente. O vício pela dor, pela confusão é atraente. Ora! Não me perguntes como! Não vou responder, não consigo. Nem ela mesma, sabe. Algo, algo, algo. Algo bate fora, algo machuca, algo tira o rítimo.
As lágrimas não se fazem necessárias, nem a dor verdadeira. É só a inquietação infinita que dilacera a estima. A estima por todas as coisas boas. Agora me sinto na beira de um trampolim, eu sei que vou chegar no fim, e tudo vai ser aconchegante. Mas o medo, o medo do desconhecido me faz fechar os olhos e tremer.


Mirella Scarlati

Tava conversando com minha amiga Bebel. Ela não é uma pessoa muito normal. Não ria, é sério. Ela me ensinou muitas coisas. Tipo o que? Hum... Ensinou que gente inteligente não freqüenta as aulas; Que ex (namorado) bom é ex morto; Que se você ficar do lado da água q ta esquentando pro café, ela num ferve nunca; Que homem se conquista pela boca então, ou você cozinha muito bem ou tem que fazer um boquete maravilhoso. Aaah, agora você acredita q ela num é muito normal? Obrigada. E, só pra deixar bem claro, ela arrasa na cozinha e até da aula de culinária.
Enfim
Estávamos conversando sobre nosso atual estado vegetativo. Eu, reclamando litros com ela das coisas que não dão certo, do guarda-chuva que quebrou e me deixou na chuva, que a gente quase num sai mais pra dançar aos sábados, que o orkut ta horrível... E ela com aquela cara de pato, nem aí. Eis que, do nada, ela diz espantada:
-Cara, tu pegou chuva?
Eu: - sim sim
Ela: E olha teu cabelo! Como você é ingrata. Mulher com cabelo bonito num precisa de vida pessoal!
E aí nós rimos.
Porque a vida é só um bad hair day

quarta-feira, 29 de agosto de 2007


A idiotice é vital para a felicidade. Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado?
Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins. No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota!
Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.
Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto. Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?
Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar? Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa. Dura, densa, e bem ruim. Brincar é legal. Entendeu? Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar
descalço, não tomar chuva. Pule corda! Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.
Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável. Teste a teoria. Uma semaninha, para começar. Veja e sinta as coisas como
se elas fossem o que realmente são: passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração! Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche"

Ailin Aleixo

sexta-feira, 24 de agosto de 2007


"O amor é o ridículo da vida."

De fato, é ridículamente essencial. De repente você que adora filmes de ação, resolve verificar o horário do tal filme alternativo que a sua nova namorada vegan, alternativa e de pais hippies tanto quer ver! E mais, você aceita ter papos-cabeças com os pais conservadores do seu namorado, sendo que você pinta os cabelos de rosa, tem ao todo 4 tatuagens e 3 piercings. E ah! Pretende fazer arquitetura. E quando você menos percebe, está cantando baladinhas, sim, as mesmas baladinhas de metal daquela banda que ama. Sim! aquela banda que só fala da sociedade e do sistema, mas que um dia se declararam pras amadas! Tudo porque a sua namorada patricinha é romântica, e agora você sabe que de alguma forma também é.
Talvez seja engraçado rir das descrições bregas do amor, da ansiedade. Mas ah, sentir é outra coisa! Não é mesmo, meu velho? Ah! sabemos que é. Ela cruza a avenida, sorrindo-lhe o mundo. Trazendo em cada um dos olhos a promessa da melhor noite já existente. Você a desculpa, pela demora. Porque de alguma maneira você já sabe, que não dá mais pra fugir. Por que tocar quem se ama é tão diferente? Foge-lhe a respiração para explicar porque ama tanto aquele ser. Seja ele de 1,85 de altura, ou 1,70, ou 1,56. O fato, é que não dá, não dá para resumir o que o seu coração sente. Já não existe mais, maneiras. Você se vê preso em uma película macia, e me diga, com sinceridade: realmente dá vontade de ir embora?
Acho eu que não, Acho eu que já não sou mais capaz, porque por mais que outras pessoas tenham existido, o novo sempre é novo. E o novo é sempre a nova promessa em novos olhos. Capazes de me embebecer nos seus doces atos, que podem não ser doces. Mas por serem concebidos pela nova criaturinha mais especial do mundo, são os mais doces possíveis.

"E eu preciso dizer que eu te amo, te ganhar ou perder... sem engano" [Cazuza]

Tão ridículo, tão concreto.


Mirella Scarlati

sexta-feira, 17 de agosto de 2007


O tempo é o tempo que deixamos para trás
Quebrando o pensamento que já não se faz
Eu procurei por todos os lados o que satisfazer
Já não achei o que pudesse me fazer parar
Eu quero um turbilhão, a confusão. O que possa me fazer parar
Eu quero um abraço, me amarrar nos teus braços e poder então descansar
Parece tão estranho tentar achar a paz no meio da gritaria
É tão estranho querer estar na boca do furacão
Eu estaria em qualquer lugar se pudesse te falar
Mas eu não quero sentir em qualquer lugar
Eu quero parar para encontrar a paz
Não não, eu prefiro estar no meio de um turbilhão
E só então, encontrar a extremidade que explica porque o azul é calmo, e porque o rosa inspira movimento
Me explica porque amo a sensação de tocar a tua pele macia
Não, eu quero alguma coisa que explique pra a mim porque, porque faz sentido estar aqui.
Eu quero que alguma coisa me diga, liberte dentro de mim
Eu quero que você desperte o meu desconhecido e que assim me leve ao infinito
Quando os ecos do sul me invadem e o norte é tão distante
Eu quero ver o Sol, mesmo que nada do que eu diga faça sentido
Ao menos eu prefiro, fragmentos infinitos cheios de sentido
Do que um falso moralismo estampado nos sorrisos com formatos quaisquer
Com o mesmo, com o mesmo que invade as nossas casas
E que faz você viver na serenidade mentirosa
Agora eu só posso dizer aquilo que eu sinto, aquilo que eu penso
E o que eu sinto é que eu quero estar num mar de gente, e só enxergar você.

Mirella Scarlati


[Porque eu amo divagar.]

terça-feira, 14 de agosto de 2007


Eu, sentada no último banco e o sol no meu rosto. O trânsito estava uma merda e o ônibus cheio. Sem dúvida, não era o que eu esperava de uma terça-feira à tarde. Ela também estava sem paciência e passava pelas pessoas com a delicadeza de um cavalo dando coice. Foi ai que o fofíssimo do motorista resolveu –por diversão ou esporte- avançar o sinal e frear bruscamente.
Adivinha. Sim, ela caiu. Caiu como banana podre dentro de um ônibus cheio. E num foi um tombinho do tipo que todos riem, foi um senhor tombo em que você sente a dor com a pessoa. Sabe o que é todo mundo olhar pra uma só? Pois foi pra ela que todos olharam. Eu já estava no meu limite de cansaço, preguiça, mal estar e agora isso. Ela ia ter que ir pro médico as pressas e isso e aquilo. Mas, como se quisesse me lembrar o quanto a vida é boa, ela deu uma gargalhada linda.
Foi ai que vi o quanto ela é radiante. Lembrei de nossas madrugadas na praia, das vezes que choramos por outros amores, das tentativas de sorvete, dos olhares que eram código. Tudo num segundo, num instante, mas representando um longo amor. Um amor que agora está diferente. Somos mais que boas amigas.
Como se quisesse me trazer de volta daquela viagem em recordações, a senhora ao meu lado em deu uma cotovelada:
- Ela ri como se estivesse em casa. Não se tem mais respeito aos outros! Ela esbarrou no moço careca, caiu e agora ta rindo no chão. Já viu uma coisa dessas?
Eu, ainda com um sorriso bobo, só consegui responder:
-Já vi, sim. Ela é minha namorada.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007



Não consigo dormir. Nunca tinha reparado o quão desconfortável é essa cadeira. Tá, talvez o simples detalhe de não conseguir movimentar-me esteja me deixando mais chata e, por tabela, mais observadora e rigorosa. O fato é: nunca encontrei quem afirmasse ser agradável dormir numa cadeira.
Estou aqui, às 04:10 da madrugada, com uma tremenda dor nas costas que, por não conseguir identificar o problema e não ter cacife para tal, chamarei de dor muscular. Concordem comigo: não tem coisa pior que passar a noite planejando o dia seguinte e, ao acordar, perceber que seu corpo não está acompanhando o entusiasmo de sua mente. Aí você tenta, embora sem muito sucesso, convencer sua mãe a deixar a praia pra outro dia; pega sua agenda de telefones (Sim, agenda. Por fatalidade do destino seu celular não tem visor.) e desmarca um jogo de fim de tarde, que tinha tudo pra ser agradável, com pessoas que você não vê há tempo suficiente pra sentir saudade; perde o pouco tempo que tem com a pessoa amada se queixando da maldita dor, quando poderia relaxar e aproveitar a companhia. O popularmente conhecido "dia de cão".
Numa tentativa desesperada de me distrair, ligo a televisão e o que está passando? Algo sobre os jogos Parapan-americanos. No auge da minha nóia, penso ser um sinal. Será que a dor que estou sentindo vai me deixar inválida como esses atletas? Chego a roer as unhas de angústia.
Passado o momento de crise, começo a pensar. É muito amoral da minha parte me queixar de uma dorzinha que, com certeza, vai sumir em um ou dois dias, enquanto pessoas têm a certeza que vão passar o resto de suas vidas em cima de uma cadeira e, mesmo assim, não se deixam abalar. Nunca parei pra assistir o Pan e não vou dar uma de falsa moralista e falar que o Parapan me interessa, mas é a dmirável o esforço desses atletas pra vencer diante de mais uma dificuldade. Acho que preciso mudar meu conceito de invalidez. Talvez eu seja um pouco inválida...no pensamento.
Bom, pelo menos minha cadeira tem rodinhas. Acho que agora eu consigo dormir.

sábado, 11 de agosto de 2007


Ainda dormia quando ela chegou, o olhar da mamãe estava brilhante como eu nunca tinha visto. As lembranças daquela época hoje são escassas, mas daquele olhar nunca irei me esquecer. O ciúme me corroía, mas não podia evitar a curiosidade: encontrava-me atrás da porta, no alto dos meus três anos, ainda perdida de sono, mas tentando manter a visão atenta àquela nova pessoa que chegava. Era um bebê, um barulhento e minúsculo bebê.
A atenção era toda voltada para aquela menina que tinha resolvido entrar na nossa casa. Toda a conformação dos móveis mudada, as grades nas janelas colocadas, os utensílios antigos guardados no alto para a segurança da criança. Sim, porque eu, já com sete anos, não precisava de nada daquilo, sabia me cuidar sozinha. Mamãe e papai saíam pra trabalhar, levavam o neném para a creche e eu me arrumava para a escola e tomava meu café da manhã. Quando chegava a casa, eles estavam aprontando o bebê para dormir e eu ia para o quarto sem muito barulho. Conversava com Luísa, minha colega de turma. Não acreditava muito nos seus devaneios, mas era a mais esperta de todas: ela que outrora descobrira que, na verdade, quem comprava os presentes de Natal eram nossos pais. E foi ela quem me perguntou: “E ela é doce?”. “Enlouqueceu de vez”, pensei. E questionei, afinal, como uma pessoa pode ser doce? “Mamãe diz que eu era doce. Que cheiro de neném é bom e o gosto melhor ainda, ainda mais quando é o próprio filho.”. Minha mãe nunca tinha dito aquilo para mim. Muito menos sobre mim. E eu... bem, eu não queria chegar, assim, tão perto daquela criança. Não mesmo.
Os olhos da mamãe não mais brilhavam. Nem mesmo quando eu trazia algum desenho para ela da escola. Na verdade, parecia cada vez mais envelhecida e amarga, com uma aura cinzenta, e só reclamava. “Daqui a pouco vamos ser proibidos de viver” era sua frase mais repetida. Eu não tinha muita idéia de preço, mas sabia que o leite estava caro, o açúcar estava caro e os biscoitos, então, pela hora da morte! Nem pensar em pedir a boneca nova da vitrine da esquina.
Reunião de pais e professores. Eu, com nove anos, já sabia falsificar a assinatura da minha mãe direitinho nos boletins. Mas dessa não iria escapar: a diretora fez questão de avisar diretamente aos meus pais. Esperei por longas horas e, com o olhar frio do meu pai ao sair de lá, tinha certeza de que aquilo não poderia ser bom. O castigo não foi tão ruim. Minha mãe falando, sem nem olhar para mim, “Desde que você nasceu, estava certa de que não seria nada que prestasse na vida” foi o pior.
Venci! Finalmente. Depois de muito tempo de luta, tinha conseguido. Cheguei em casa com o prêmio pelo melhor trabalho de ciências e iria conseguir comprar a boneca que eu tanto queria. Mamãe projetou um sorriso, pegou a boneca e entregou à outra filha. Eu já tinha onze anos, não era mais idade para brincar de boneca, veja só. E que fosse me dedicar aos estudos.
Aos quinze anos, sentada na varanda. Aquela nova criança lá de casa já estava crescida e em pé ao meu lado. Era muito mais bela e mais alegre que eu. Era a promessa de futuro para minha mãe. Estudava em escola melhor, fazia todos os cursos possíveis, participava dos mais variados concursos (e ganhava quase todos). E se sentou no parapeito onde eu estava. Olhou diretamente nos meus olhos, com aquele mesmo brilho do olhar de mamãe há muitos anos, e me entregou o pacote com a mesma boneca. Eu me virei para ela e dei um sorriso. Palavras eram desnecessárias. Beijei seu rosto e comprovei: mesmo não sendo mais um bebê, minha irmã era realmente doce.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer




Seria tão mais fácil...


Chegaria assim, com tudo decorado... os passos contados... os gestos escolhidos na frente do espelho...


O Destino se encarregaria de nos encontrar...


Alma Gêmea? Sim, claro!


As palavras fluiriam e tudo conspiraria ao nosso favor...


As palavras nunca seriam erros para nós...


Nada de indecisão, de ansiedade, de joguinhos...


Depois de vc, os outros seriam só os outros...





Mas, porém, contudo, entretanto...


Quem é vc? Oq eu procuro?


O coração engana...


faz um sentir oq o outro não sente...


palpita por um e por outro...


Os pensamentos soltos...


A vida é curta pra ver!





Cabeça e coração fora de sintonia!





"Como é possível sonhar oq é impossível dizer?"

domingo, 5 de agosto de 2007

... Quando chego além, e os pés não tocam mais o chão. É a loucura que faz, o cara dar um tiro na cabeça. Atravessei a rua com meu passo tímido, subi na construção como se fosse máquina e agora eu era herói e o meu cavalo só falava inglês. Fui juíz supremo, tive medo e não consegui dormir.
Quando foi que competimos pela primeira vez? O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe.
... Atravessei a rua com meu passo bêbado, subi na construção como se fosse sólida. Tijolo com tijolo num desenho lógico. Sou um animal sentimental, me apego facilmente ao que desperta o meu desejo. É isso aí. Tropecei no céu como se ouvisse música.
... A minha vida, eu preciso mudar todo dia. Todo dia...

Quando somos reflexos, trechos, espaços. Um aglomerado, informação em cima de informação. quero que o rosa cegue meus olhos. Eu já não sei mais aonde eu estou. E o ar me faz levitar, suar, chorar. Será que o novo é tão assustador assim? É, pode ser. Eu tenho medo, medo do maravilhoso que se faz igual à mim. Por que temos a mania de achar que não é certo para nós? Achamos que é demais, que não somos capazes? Eu quero deitar... Desculpem-me pela minha falta de sentido ou mesmo pela minha divagação. Eu não estou pessimista, não estou desacreditando. Eu tenho medo, medo, medo. Isso não é chantagem, eu tenho medo. E eu não quero pena, eu não sei o que eu quero. Meu corpo se faz dormente, meu coração bate lento, e estou chorando mas nenhuma lágrima cái. Eu quero um abraço, talvez eu queira o escuro. Já não sei... não sei... Eu quero que essa sensação de perda passe.

Vem depressa pra mim que eu não sei te esperar, já fizemos promessas demais... Já me acostumei, com a tua voz.. Quando estou contigo, estou em paz.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Morte. Ou vida. Ou os dois.


Engraçado, mas o que mais me leva pensar na vida é a morte. Não é estranho pensar em algo justo quando ele se desfaz?
A vida é tão cheia de questões... Esperamos muito dela e esperam mais ainda de nós. E, não se trata da “nossa” vida, há também aqueles que amamos e odiamos... Tantos envolvidos tantos cuidando de uma vida que deveria ser só nossa.
Renato, do Legião, dizia q ser livre é coisa séria. E é, sabe? Porque ninguém nunca vai ser livre. Quando alguém morre, você logo pensa:
-Nossa, a gente passou tanta coisa juntos e agora que ela se foi... É como se nada tivesse importância.
A vida e seu conceito com todos os limites e horizontes... Tão indecifrável e absurdo! Já a morte, não. Nela há conforto e uma certeza q eu invejo. Acompanha: você vê um recém nascido e não sabe como ou quem ele vai ser. Ele vai trair a namorada com o melhor amigo? Vai ser traficante? Ao menos que apareça uma velha de olhos ruivos e cabelos profundos com uma bola de cristal, cadê a resposta? –será q essa resposta existe?-. Mas há uma certeza: ele vai morrer! Se ainda na incubadora ou só aos 47 anos por dirigir bêbado - não o culpe. Se você visse sua esposa transando com o cara que tira xérox no escritório, também beberia. Porra, xérox? Se ao menos fosse uma multifuncional - é só detalhe.
Então, por que reagimos tão mal à morte? Posso estar pirando, mas, algo tão certo e verdadeiro só pode nos fazer bem. Ela nos garante noites sem tosse, nenhuma dor e nenhuma incerteza. Será que somos tão egoístas a ponto de condenarmos algo assim? Não sei, na verdade, perdi o fio da meada no primeiro parágrafo, mas não descarto a possibilidade de estar certa.
Cada dia ta sendo tão difícil! E sempre foi... Hoje pra mim, amanhã pra você, fato. E pra que passar por tudo isso? Tento não ver a morte como uma destruidora de sonhos, mas é que dói tanto! Dói mais ainda saber que vou perder todos que amo. E parece q quanto mais penso, pior fica... Vem aquele (8) medo de ter medo de ter medo.
Acho que to com preguiça de viver. Não pense que sou do tipo amargurado. Já tive momentos perfeitos com amigos, a gargalhada do meu irmão é o melhor som do mundo, já tive noites mágicas, orgasmos maravilhosos e tardes na praia que num trocaria nem por todo dinheiro do mundo. Mas, pra que tudo isso mesmo? Acho que perdi minhas esperanças nesse mundo.

“A morte não é a nossa perda maior. Nossa perda maior é o que morre dentro de nós enquanto vivemos” Norman Cousins.