Barulinho

domingo, 3 de agosto de 2008

The Big Fish - Life


Chegamos em um momento crítico, chegamos no momento que hoje são lembranças para os nossos pais.



Minha mãe certa vez falou de um amigo, que morreu em um acidente de moto. E aí, um outro dia ela falou: Ah, o Duda morreu de AIDS, e o Flávio morreu de overdose. E como mais uma lembrança vagando em sua cabeça, comentou: Tive um amigo da escola técnica que se matou, ele avisou para a namorada, mas ela não acreditou, ninguém imaginava que isso ia acontecer, ele era tão alegre e alto-astral.


É nesse momento que chegamos. Chegamos no momento em que a vida atropelou tudo. Incrimento estamos sempre esperando a hora da vida começar, a hora de trabalhar, a hora de casar, a hora de ter filhos, a hora de ser rico, a hora de ser solidário. E o amanhã sempre existe, nós sempre deixamos o amanhã cuidar daquilo que preferimos adiar. Mas o contra-ponto é simples, se planejar demais, não se vive, se fizer hoje o que é para ser feito amanhã, não dá certo, não anda, não vai.


Não quero falar sobre o momento certo de encarar a vida que tanto pensávamos antes de dormir. Eu quero falar sobre as lembranças que já existem. Um menino que estudou comigo, morreu meses atrás. E quando eu soube que ele tinha falecido meu coração se apertou, não de saudade, não sou hipócrita, nunca nos falamos. Mas meu coração se apertou ao pensar, ele é o Duda da minha mãe, um amigo do meu pai, um amigo da minha avó. E a minha conclusão foi pequena e ao mesmo tempo infinita, minha vida começou desde sempre e só eu não vi.


Cometemos sempre erros, achando que amanhã teremos tempo de corrigir, mas isso não é real. A vida se vai, como se vem. Da mesma maneira que hoje você, mulher, pode engravidar, pode morrer. Da mesma maneira que se acende se apaga, e isso é tão lindo e tão sombrio. Porque mostra que está passando, que aquilo que sempre esperamos começou e ninguém nos avisou. É medonho saber que coisas que você faz hoje, pode mudar vidas, a sua vida, pode deixar saudade, rancor, ódio...


E eu fico aqui pensando, se eu morreria hoje, ou amanhã, ou quando. Fico aqui pensando se os meus filhos terão coragem de me colocar em um asilo, com uma enfermeira, se vou ter câncer, AIDS, qualquer outra coisa. E isso não é encarar com tristeza, ou pensar no pior. O medo não se faz concreto, não é isso. É apenas a visão do que pode, ou não, acontecer.


Amigos, em algum lugar sempre seremos eternos. Mas vejam que dessa nossa época, sentiremos saudades, imensas, saudades.

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