Barulinho

terça-feira, 22 de abril de 2008


Conviver com as diferenças.



Esse é um ponto importante que ando explorando. Definitivamente cheguei em um ponto em que as diferenças gritam por cada rachadura nas calçadas em que ando. Com meu passo engraçado, gracejo para todas elas, mas predo-as em minha mente. Cada um é cada um, e por mais que eu não possa me anular, tenho que aprender ao máximo respeitar que aquela menina que considero futil, é feliz como ela é, e que é assim que deve ser.


Na minha sala de aula, meu último ano, este pelo qual pretendo dar meu sangue para ser o melhor possível, existe uma divisão. Assim como o lado direito, existe o lado esquerdo. E eles são a antiga sala A. Existem coisas que me irritam, manias, comentários, jeitos. Mas eu comecei a enxergar que a beleza de se conviver é isso, é observar que nem toda atmosfera é feita daquilo que se gosta, que do nosso lado podem existir papos idiotas e papos sérios. Uma menina fala de um namorado, uma menina fala de física quântica, e porque eu, deveria criticar?


A questão é que eu passei muito tempo da minha vida julgando todo esse pessoal. Num sei quem é burro, num sei quem é futil, num sei quem é puta, num sei quem não presta. Porém, dentro do meu querido mundo de Deus, onde eu sou lei máxima, esqueci que cada olhinho daquele que estava ali, focando a visão no mesmo lugar que eu, também tinha sentimento. Esqueci que muita gente ali ri para não chorar, e chora para fingir que não tá nem aí. Esqueci-me como eles também ouvem gritos, brigas, que como eu, eles também querem esquecer de coisas do passado.


Esqueci que cada pessoa é uma fortaleza, um mundo, um céu e uma terra pronta para uma colheita. Que cada coração é um potinho de terra pronto para uma nova semente.


Eu estava ali, sempre julgando, torcendo meu nariz, me protegendo na base de superior, e, hoje eu vejo que cada coração ali, pelo menos, já chorou boas vezes e já quis afogar a cara no travesseiro... assim como eu.



Sabe, existem coisas que não vou engulir. Preconceito, desrespeito, traição. São coisas que eu não vou aturar, nem comigo nem com os outros. Não sou o tipo de pessoa que esquece dos outros. Entretanto, hoje.. eu sei que você que está aí, é você. E que eu, vou continuar sendo eu. Mas que nós podemos sim, nos respeitar por aquilo que somos. Embora o mundo não possa só gostar de rock, ter idéias revolucionárias, tomar vitamina de abacate e comer comida de qualidade todo dia, ele vai continuar sendo um lugar fascinante, por ser diferente de tudo isso.


Mirella Scarlati




OBS: Can read my mind?

[texto feito ao som dessa música, apenas dela]