“Chega de saudade
a realidade é que sem ela
não há paz, não há beleza
é só tristeza e a melancolia
que não sai de mim, não sai de mim
não sai.”
(Toquinho e Vinícius de Morais).
a realidade é que sem ela
não há paz, não há beleza
é só tristeza e a melancolia
que não sai de mim, não sai de mim
não sai.”
(Toquinho e Vinícius de Morais).
Os brasileiros adoram se gabar por saudade ser uma palavra sem tradução em qualquer outra língua que não o português. Grande coisa! Não sabem eles que o sentimento é universal? E daqueles conjugados num só tempo: eternamente no presente. Pode ser muito bonita quando cantada em versos e melodias; na vida real é uma pedra no sapato: incomoda e, eventualmente, machuca de verdade.
Sou do tipo saudosista. Sempre me pego pensando no passado, lembrando o cheiro dos verões passados na piscina da infância; o gosto de acordar cedo pra fazer armadilhas e pegar passarinhos logo que o dia começava, só pra encostar a mão neles e deixá-los ir; a satisfação de conseguir passar a noite em claro, escondida dos adultos, ver o amanhecer e perder o resto do dia dormindo.
Mas e aquela saudade do que não aconteceu? Saudade do futuro, saudade dos planos que a gente faz. Quando o onírico se mistura com a realidade e aí você não sabe mais o que é verdade. Então sofre, porque quem disse que a verdade é uma só? Aí se faz de tudo, os planos aumentam, a dor se torna quase insuportável. E tenta esquecer que saudade é doença crônica, quando se instala, não tem mais jeito. Do tipo reparador, o encontro é como uma lipoaspiração: funciona na hora, mas não garante que vai ficar assim pra sempre. E o amor tolhido engorda mais que chocolate, dentro de alguns poucos meses a situação já tá muito pior do que era antes.
“Para amar não é preciso estar junto, e sim dentro”. E é aí que nasce a saudade.
“E abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
que é pra acabar com esse negócio de você longe de mim.”