Barulinho

terça-feira, 24 de março de 2009


Helena sorria.

O fato é que o conforto é uma palavra inconstante que a visita nas noites mais peculiares. Dias sem cor, dias sem dor.

Angela grita.
E assim como Iris ela precisou sangrar para saber que estava viva.

Hoje eu simplesmente respiro, porque a melhor sensação do mundo é sentir o ar entrando no meu corpo.

Deitei-me sob às aguas, e chorei por dias inteiros, meses inteiros. Mas agora, eu fecho meus olhos e peço com carinho que eu possa respirar mais uma vez.

Porque se você corre, você consegue correr. E sair pelo bosque de madrugada sempre me ajudou a sentir que o rubor da minha face não era o fenômeno mais sem importância do mundo, eu estava viva.


Feche os seus olhos com cuidado e mergulhe, sem nem se preocupar com o ar que precisará para respirar.

domingo, 15 de março de 2009

Tarsila.


O piano toca devagar, Tarsila se vai... E assim como os pisos da calçada sorriam para ela noites passadas, agora lágrimas se vão pelos ladrilhos. O piano acelera e seu coração bate mais rápido, e seu sorriso se faz feliz, era apenas um sonho. Novamente apenas um sonho. Então Tarsila quer correr - mas as pessoas não podem vê-la correr - e seu choro contido, escondido, migalhado se espalha por seu vestido azul de flores.

Então Tarsila cheira, o ar, e o ar não lhe diz absolutamente nada. Então Tarsila busca sentir a raíz das coisas, e ela não consegue. Paulo foi embora, ele se foi. A verdade era essa e ela não pode mudar. E não estar no controle de todas as coisas é a pior maneira quando tudo se acaba. Simplesmente, se foi, assim como o verão está indo embora, Paulo se foi com o sol, e os 7 dias de verão se foram junto dele. Agora o vento mal bate na janela, e as cortinas mal balançam.

Tarsila se recompõe, dorme encolhida na cama como se fosse um feto. Esperando que Paulo volte para o quarto onde eles não dormiram e que possam se amar como não se amaram. Daqui alguns dias, meses, tudo se vai, assim como os anos, como as coisas, como as cores... Tarsila decide simplesmente, deixar... Ela olha para a calçada que ela andava apressada ao saber que Paulo a esperava embaixo da arvore sempre combinada. Vê uma criança sorrindo, e se pergunta...

- Por que ela sorri tão feliz?