Barulinho

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Telegrama.


Oi, esta é uma carta para mim mesma. Preciso falar comigo, e agora. Esta conversa é urgente, não consigo adiar. As palavras estão ecoando em minha mente, é inevitável, preciso dizer.

Dizer que hoje não estou contente e não sei explicar o porquê. Dizer que não tenho feito coisas boas e não sei o motivo, causa, razão que me leva a fazer tudo isso. Falar que tenho passado dias maravilhosos, e mesmo assim, me deixo levar por pequenos momentos desagradáveis.

Quero gritar, não sei como fazer minha mente esquecer coisas ruins que aconteceram. Como fazê-la esquecer? da dor, do horror, da falta de compaixão? Não sei. Ou sei?

Esta carta é um telegrama, urgente, enviado para mim mesma. Venho através deste, confirmar minha confusão. Alegar minha falta de tato e de ar. Falar que não tenho sido nem boa amiga, nem boa namorada. Falar que não tenho sido boa filha, nem boa neta e afins.

Parece que o ar comprimi meu peito, parece que me falta ar. Estou sendo esmagada por uma onda invisível que só existe em minha mente. Ninguém quer me ouvir, na verdade, as pessoas em geral não gostam de ouvir os problemas alheios, quando se é para ajudar, apenas para rir, se é bom ouvir.

Grito grito grito, bato bato bato, na porta do meu próprio coração, quem eu encontro?
Uma menina de cabelos castanhos, lisos, até o ombro, tentando não chorar ao ver quem se tornou.

Esta, sou eu.




Mirella Scarlati.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010


É incrivel como temos medo de sermos felizes. É só estarmos em um momento de paz e alegria que o nosso coração começa a desconfiar, afinal, ser feliz assim, deve ser para poucos, não para nós. Me pergunto, que razão existe, então de procurarmos tanto algo que quando encontramos afastamos de nós? Queremos sempe a felicidade, mas quando ela chega a nós, o medo de vivê-la é tanto, que simplesmente, a afastamos com pensamentos de que é "esmola" demais.

Ser feliz, não é ser sempre alegre, ser feliz é ser capaz de chorar, rir, brigar, dançar, cair e levantar. Ser feliz não é apenas se sentir preenchido, é se sentir vazio e buscar o recheio que falta. Isso é ser feliz. Ser feliz é definitivamente, viver.

Demoramos muito tempo para observar que não é só a paz que nos traz felicidade. A tristeza também, os altos e baixos da vida. Porque não há felicidade se não há sensação, e não há noção de alegria e amor, se não soubermos o que é dor, escuro. Já via Platão que para aquele que só enxerga o fundo da caverna, não existe nenhum outro mundo ao seu redor, porém notamos que aquele que saiu da caverna, conhece os dois mundos, ou os enumeros que nos cercam.

Isso é ser feliz. Feliz é viver, definitivamente, sem medo de rir ou chorar. E não dá para continuar vivendo sorrindo com medo de chorar, temos de saber que assim como a morte, é inevitável um pouco de tristeza.

Sei que o texto está se tornando auto-ajuda, levante de manhã e sorria, diga oi ao sol, não deseje mal ao próximo. Porém, esta não é a intenção. Odiando ou não algumas criaturas estranhas desta nossa Terra, simplesmente se permita viver, amando ou odiando e com muito gerundio, porque viver é também esquecer um acentou ou simplesmente usar muito o gerundio.

Só acho de suma importância, que notemos, que buscamos tanto a felicidade com medo que ela se vá, que quando ela chega, temos tanto medo de vivê-la que a afastamos antes de mesmo de aproveitá-la, e aí, meu caro, não vivemos, e não viver, é não ser feliz.